Protestos Resultam de Fraude Eleitoral
"Protestos em Moçambique resultam de uma "Fraude Eleitoral que castigou a Democracria"
"A socióloga Sheila Khan considerou hoje, em declarações à Lusa, que as manifestações em Moçambique resultam de uma "fraude eleitoral que castigou a democracia", mas antevê que os protestos, ainda que legítimos, não vão estilhaçar o Governo.
Fomos testemunhando as várias manifestações que resultam de umas eleições que sabemos que foram fraudulentas e que castigaram enormemente a democracia", disse Sheila Khan à Lusa, no seguimento dos protestos que sucederam um pouco por todo o país na sequência do anúncio dos resultados eleitorais que deram a vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, em 64 das 65 autarquias do país.
"Os resultados não são reais, há uma enorme hipocrisia política por parte da Frelimo, que deixa a democracia moçambicana castigada e manca", acrescentou a escritora moçambicana que é também professora na Universidade do Minho.
Para Sheila Khan, talvez o único ponto positivo da contestação que surgiu a seguir às eleições de 11 de outubro foi a união da oposição em torno da crítica ao processo eleitoral.
Temos visto uma oposição muito musculada, extremamente vigilante e atenta ao que se passou no período pós-eleições; havia quem dissesse que não tínhamos uma verdadeira oposição, que pudesse fazer frente à Frelimo, mas o que vimos é uma oposição interveniente, que fez, ela própria, contagens eleitorais paralelas destes resultados eleitorais", acrescentou.
Questionada sobre como serão os próximos dias e semanas, Sheila Khan disse estar pessimista face à contínua capacidade de mobilização da oposição, apesar do impacto de iniciativas como a carta aberta assinada por Samora Machel Junior.
"Sendo membro do comité central da Frelimo, disse que houve um ato hediondo e um castigo, um rasurar dos pilares da democracia, e é uma pessoa que está dentro da direção do partido no poder; ele quebra, estilhaça a coesão e o silêncio de uma Frelimo que se coloca num pedestal da história moçambicana e que tem esquecido o que é a cidadania, a partilha e a distribuição do poder", criticou a socióloga, considerando que, para a Frelimo, "não há qualquer pudor em ganhar de forma fraudulenta, o que interessa é manter o poder".
Para o futuro, concluiu, não haverá um enfraquecimento da Frelimo nem uma recontagem de votos: "O resultado prático é a pressão, a manifestação da cidadania e será uma contestação acérrima, mas se vai provocar algum tipo de enfraquecimento ou um estilhaçar da Frelimo, não acredito", disse Sheila Khan."
Texto: LUSA
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